Momentos Colados por Dentro

A luz azul do meu mundo
desperta-me a alma
que inunda o que restou
dos (nossos) momentos

A pele escaldada
do que passou
guarda os segredos
de mais uma noite

Desejos que se perderam
no vão de um olhar
estranho

cúmplices de mais um dia
(fomos) assim

As horas chegam ao fim
e o coração acelerado
espera que a saudade
traga um sopro de ti

Perdida fico
e sento-me nessa soleira
onde virei o avesso de mim
e deixei cair as últimas gotas

Há um lado escondido
colado por dentro
que me deixa flutuar

em momentos....
em noites...
em dias...
como este...

Agarrados ao Peito ficaram...

Há dias (as)Sim

Este dia que prende
o que restou do tempo
vinca o medo que sobrou

do passado

Estas horas que passam
rasgam a pele
em pedaços soltos
fechados no abrigo
de mim

E os segundos teimam
em parar
nos intervalos loucos
da melancolia

«Há dias que marcam a alma»

e não voam

como se diz por ai

Há dias que não envelhecem

e prendem.se

(n)os momentos rasgados
da vida


E soubesse eu
ter outro tempo...

E soubesse eu
ter outros dias

E soubesse eu ser
outra pessoa

Soubesse viver
nestes dias que me prendem

a esta vida

só(zinha)

Há dias, (as)sim, que...
me envelhecem

(que) me fogem das mãos

me fazem perder

o mais profundo de mim

Há dias que valem a pena

adormecer (para) sempre...

A Outra Metade de Mim...

A chuva molha-me
a alma
desperta as horas
vagas
no vão das escadas

fiquei...

Quero Regressar
ao avesso de mim

O Chão foge-me
e perde-me neste silencio

a saudade

Quero Prender os Dias
no que resta do escuro

Fujo desta solidão
que teima em fechar-se
em aprisionar(-me)

(d)o meu mundo

E se o amanha fosse hoje
E se o futuro fosse o (meu) Presente

pudesse eu beijar-te
pudesse eu ter(-te)
o que acalma o peito

Bastava dizer:
Quero e pronto...

Mas não!
a vida não responde assim
a Alma não sente assim...

Sente?
Quem sabe?

Talvez o dia fosse mais curto
e a noite chegasse mais cedo
e me escondesse (n)estes momentos
(n)estas voltas que a mágoa traz

no fundo do (meu) ser

Ai se a saudade fosse boa...
Ai se o Sonho não se perdesse
nesses pretos e brancos da Ilusão

Talvez desse pra eu Ser assim

Talvez desse pra a alma Sentir assim

A Outra metade de mim...

a outra metade de mim....

Vagueio a Alma

Descalça
perco-me nesta rua
onde nada se define
e o escuro me consome

se eu conseguisse sentir.(te)

Percorro os cantos
desse negro agudo
que é falso
que é de ninguém

E voltava de novo

Agarro.(te)
os segredos que guardo
escondem.se no avesso
do que restou de nós

Nesta Noite Só

Hoje de olhos vendados
Sinto a vontade ferver
neste mar de Ilusões
que se foi...

Quem me desejou
saiu ... Partiu
Não mora mais Aqui

Vagueio nessa imensidão
sem fim
sem ti
sem mim...

Nesta Noite Singular
Vagueio somente...
Uma Alma perdida

Madrugada Estranha

Numa madrugada estranha
que me consome o chão
rebenta o mar solto

liberto por mim

o beijo quente
nas mãos do perfume
que emana as palavras

rasgam a alma

o avesso prende-se
no que foi escrito
com um cheiro suave a lume

preso no calor da saudade

fico rendida ao tempo
que espera por mim
na esquina torta da vida

semeio sorrisos

numa alma que não voa
rendo-me ao sabor
dos ventos

futuros

são os pedaços de mim
caídos no vazio
que sobrou
desta noite longa

Nesta Madrugada Estranha
Desperto os desejos...
(colados por dentro)