"Um Compasso afinado do piano velho. Uma nota tocada imperfeitamente bela. Um Sopro leve da brisa fresca. Uma gota suave da chuva fria. Um perfume forte e marcante. Um andar constante e assertivo. Um olhar verde desconcertante. Uma pele brilhante e jovem. Um sorriso transparente. Um Gesto nervoso. Um cabelo escuro e solto. Um corpo definido. Um vestido cintado. Uns sapatos elegantes. Um Casaco de malha. Uma pulseira dourada.
Um relógio antigo de parede
Um Café requintado.
Um Cheiro a chocolate quente no ar.
Uma espera perturbante.
As mãos a tremer, os olhos controlam o relógio de pulso de 5 em 5 minutos, perna traçada, o pé direito a bater inconscientemente no chão, um cigarro que parece interminável, um olhar fixo pela janela.Um Café requintado.
Um Cheiro a chocolate quente no ar.
Uma espera perturbante.
Esperava Alguém
Observei-a enquanto lia a o jornal. Os Seus olhos brilharam enquanto ela se aproximava. Eram mais do que queriam mostrar... notava-se somente pelos olhares cúmplices, e pelos sorrisos nervosos que iam transmitindo ao longo da conversa. Levantaram-se apressadas, e ao sair da porta, sem que ninguém notasse, trocaram um beijo na face. Observei-as enquanto desciam a rua pelo passeio, e ao virar a esquina trocaram as mãos esquerdas, com uma intensidade que parece que o chão tremeu naquele momento (ilusão minha, bem sei) pensando que ninguém as visse a trocar o amor que naqueles corpos se queria soltar e gritar ao mundo mais do que realmente podia, ou queriam.
Segui-as com o olhar até as perder de vista e continuei a construir a história daquele amor na minha cabeça. Pareciam tão felizes. Tão seguras do que cada um levava nas mãos...
o amor... a cumplicidade... e a união...
Revi-te naquela pureza única
Senti aquele toque, como se fosse o teu toque doce e delicado
Quis seguir os seus passos apressados e desconsertados...
Mas soube que não era eu, não era para mim. Aquele amor nunca teria sido o meu.
Ansiei ver nelas o nosso amor, que fosse eu... e fosses tu,... que aquele encontro tivesse sido algum dia o nosso...
Fiquei a remoer naquela nostalgia durante algum tempo. Mais tempo do que deveria confesso. A empregada deixa cair um chávena e acordo da minha ilusão... Olho pela janela. Já se fez noite e nem dei pelas horas passarem. Agarro o meu casaco e a minha carteira. E Sigo rua abaixo.A sentir o frio que a época Natalicia traz sempre. E sorrio por ainda haver amores eternos... mágicos.
E pensei enquanto descia a rua iluminada: um dia hei-de encontrar o meu... " Texto de Candy
5 comentários:
Candy,
agora fizeste-me sonhar...e acreditar :)
Gostei dos pormenores... do relógio, do compasso de espera. Faz parte esperar pelo amor... e saber fazê-lo.
Acreditar em belos momentos :) *
Lindo! Senti-me dentro da história, como se estivesse lá!
É óptimo ler um texto destes :)
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