Interferências

É tarde
as horas passam devagar
na minha pele

tenho gestos
gravados nas arestas
do meu corpo

o suor sabe a mel
e as lágrimas a fruta da época

Fecho os olhos
de cansaço
mas a rotina
mantém-me desperta

só pra te ver
chegar...

Sou consumida
por durmências
reprimidas...

A ansiedade
instala-se nas veias
e o coração
parece rebentar

As memorias
assombram a alma,

a minha,

e só me fazem querer

chorar

toca o telefone,

do outro lado,

uma voz forte e segura,
dizes:

« Olá»
«...»
«temos de falar... »

piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...

e assim

fiquei ...

sem mais nenhum

sinal

de ti